Coletivo Educador Ambiental Regional

Artigo: Conscentizar e Reutilizar a Água

COLETIVO EDUCADOR
AGENDA 21 ESCOLAR – TAQUARA
RELATÓRIO DE EXPERIÊNCIA:
CONSCIENTIZAR E REUTILIZAR A ÁGUA

EMEF. Rosa Elsa Mertins – Professora Daione Prass; EMEF. Tomé de Souza – Professora Marli; EMEF. Rudi Lindenmeyer – Professora Marisa-

Conscientizar e Reutilizar a Água

Resumo:

Propõe se neste projeto uma seqüência de atividades envolvendo aspectos diversos sobre a utilização da água, de modo a favorecer a compreensão do aluno a respeito da necessidade do seu uso racional, em virtude da finitude da água doce disponível em nosso planeta. Os projetos das Com-Vidas, das escolas envolvidas nesse, desenvolveram a temática de Conscientizar e Reutilizar a Água conduzindo o conhecimento e os cuidados de economizar de água, focando a poluição da água e efeitos causados pelas ações erradas do homem nos rios e arroios. Desta forma as escolas envolvidas destacaram ações em proteger a natureza para um futuro promissor evitando a escassez de água potável.

INTRODUÇÃO

O projeto faz parte da Agenda 21 escolar, e destaca ações com a temática Conscientizar e reutilizar a Água, realizada na educação formal que promovem a limpeza das águas através do recolhimento de resíduos e do aprendizado em sala de aula, para recuperar as ações do homem sobre a natureza, e ações no espaço não formal, com caminhadas ecológicas, revitalização do arroio com plantio de mata ciliar e debates . Em virtude da finitude da água doce disponível em nosso planeta a COM-VIDA trabalhou a conscientização, através de atividades que estimulam uma mudança de atitudes e debates com o tema.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Educando no Meio em que Vivemos

Para uma educação efetiva, é necessário desenvolver uma visão integrada do mundo que nos cerca, uma visão que nos leve a compreender as diversas esferas (hidrosfera, biosfera, litosfera e atmosfera) e suas inter-relações, bem como as interferências geradas pelo homem no meio em que vive.
Ab’Saber (1991) afirma que a perspectiva integrada exige método, noção de escala, boa percepção das relações entre tempo e espaço, entendimento da conjuntura social e histórica do ambiente que cerca os alunos. Exige ainda respeitar e acreditar no valor da multiplicidade e diversidade de vários mundos que coexistem na sociedade, com o exercício permanente da interdisciplinaridade para enfrentar as questões cotidianas.
Dessa forma, o tema água deve estar presente no contexto educacional, tanto na educação formal como na não-formal, com enfoque na ética e na formação do cidadão consciente do lugar que ocupa no mundo, num mundo real, dinâmico, que parte do local e se relaciona com o global, onde todas as coisas podem tomar parte de um processo maior, de um sistema integrado.
Assim, segundo Compiani (2007), é possível sair do paradigma da causalidade tão enraizado no ensino de ciências e praticar um ensino mais contextualizado, situar espaço-temporalmente os fenômenos, ou seja, levar em conta seu aspecto histórico e assim compreender a complexidade do contexto e causalidade de um fenômeno.
A educação para a água não pode, dessa forma, estar centrada apenas nos usos que fazemos dela, mas na visão de que a água é um bem que pertence a um sistema maior, integrado, que é um ciclo dinâmico sujeito às interferências humanas.
A escola inserida nesse contexto social deve ter como responsabilidade a disseminação do conhecimento, com base na realidade de forma a caminhar em direção de uma nova ética e maneiras de viver que sejam pertinentes a sociedade.
As aulas de campo, como enfatizadas por Compiani & Carneiro (1993), têm um papel pedagógico fundamental, pois é no campo que ocorre o conflito entre o real (o mundo), o exterior e o interior, as idéias e as representações, gerando um contexto único de observação e interpretação da natureza na busca de informações, no entendimento dos fenômenos e na formulação de conceitos explicativos. Segundo os autores, o campo é também o centro de atividades para ensinar o método geral de conceber a história geológica da Terra. Morin (2003, 2004) afirma que, para prepararmo-nos para o enfrentamento da crise em que a sociedade atual está inserida e das futuras gerações, é necessário mudarmos nossa forma de ver o mundo e partirmos para uma compreensão da complexidade da realidade.
Sendo assim, passa a ser primordial entender a complexidade da relação homem-natureza na realidade local. Essa compreensão na escola, por meio da formação de professores e dos alunos, é que poderá fazer a diferença na formação de indivíduos críticos, participativos, prontos a enfrentar os problemas ambientais e uma possível crise dos recursos naturais disponíveis, dentre eles a água.
A água que se bebe deve ser tratada. Isso significa que para não fazer mal a saúde, a água fornecida a população das cidades precisa passar por um tratamento que garanta que ela esteja livre de sujeira e micróbios. Desse processo faz parte a adição de cloro a água e em muitas cidades o flúor, para prevenir as caries dentária. Nas regiões onde a água não é tratada as pessoas devem adquirir o costume de ferver a água durante dois minutos e depois de fria agita-la bem; ou adicionar a cada litro de água 1 ou 2 gotas de hipoclorito de sódio. (PIRES, Célia Carolino. 2002. p.237)
O estudo do meio como método que pressupõe o diálogo, a formação de um trabalho coletivo e o professor pesquisador de sua prática, de seu espaço, de sua história, da vida de sua gente, de seus alunos, tem meta de criar o próprio currículo da escola, estabelecendo vínculos com a vida de seu aluno e com a sua própria, como cidadão e como profissional. As autoras ressaltam que um projeto de ensino que usa essa metodologia realiza um movimento de apreensão do espaço social, físico e biológico que se dá em múltiplas ações combinadas e complexas. Para aprender a complexidade do real, faz-se necessária a existência de muitos olhares, da reflexão conjunta e de ações em direção ao objetivo proposto pelo grupo de trabalho (Pontuschka et al., 2007).
O uso dessa metodologia para integrar as disciplinas é ideal para o ensino e a aprendizagem dos alunos, de forma a contextualizar os dados da realidade com os conteúdos. As intervenções pedagógicas de cada disciplina em particular contribuem para o conhecimento dos objetivos do estudo. O tema água pode ser abordado de várias maneiras no estudo do meio, dependendo dos objetivos propostos.

METODOLOGIA

As atividades da Agenda 21 Escolar desenvolvidas pela COM-VIDA, aqui propostas têm por objetivo não apenas contribuir para compreensão da problemática da água, mas também ampliar e construir noções que minimizam a escassez e poluição dos rios e arroios do nosso município.
De fato, esses conteúdos caracterizam-se por sua forte relevância social devido a seu caráter prático e utilitário e pela possibilidade de variadas conexões com outras áreas do conhecimento.
Desse modo, desempenham papel Importante no currículo, pois mostram claramente ao aluno a utilidade do conhecimento e ações estimulam a vivencia com o tema, no cotidiano. Assim, o projeto tem como objetivo: conscientizar, formar cidadãos com uma visão apurada sobre a poluição e promover ações variáveis expressas na escola e na comunidade, permitindo debates e elaborar ações futuras.

EMEF ROSA ELSA MERTINS

A escola Rosa Elsa Mertins é cortada pelo o arroio Santa Rosa (passa no meio da escola), ocasionando odores e aproximação de animais, além de inundações devido ao descaso da população que depositam resíduos e esgoto no arroio. Durante o ano foram desenvolvidas ações de conscientização na escola e na comunidade como leitura dos livros da Sala Verde, caminhada ecológica e recolhimento de resíduos nas proximidades do arroio, plantio de árvores na quadra da escola, revitalização da mata ciliar próximo ao arroio, e apresentação de trabalhos da ComVida sobre a economia de água, a construção de uma mini-cisterna para reutilizar a água da chuva para regar o horta e refeita os canteiros da horta e plantado chás (Relógio do corpo humano).
Ações com todos os alunos do sexto ao nono ano e do COM-VIDA da escola Rosa Elsa foi realizada uma caminhada ecológica e limpeza dos arredores do arroio. Foram recolhido diversos resíduos, entre eles: pneus, vidros, papéis, sacolas, pet, roupas…
Revitalização plantando mudas de mata ciliar, plantas cedida pela Secretaria do Meio Ambiente. Ação realizada pelo COMVIDA professoras Daione e Emilena e três alunos da escola.
Horta escolar com apoio dos alunos da COM-VIDA da professora Emilena (ciências) e dos pais. Na horta foram plantadas diversos tipos de chás, formando o Relógio Humano, a hora e o tipo de chá que devem ser consumidos para o melhor funcionamento do corpo.
Revitalização do Arroio – dentro da escola
Conscientização e planejamento – fazer mudas de rosa para oferecer aos moradores do bairro, com intuito de aproximar a escola com a comunidade.
Ações futuras: Proposta aos moradores – Plantando uma rosa no Bairro Santa Rosa. (cuidar, valorizar, proteger e embelezar).
Tirar odores do arroio – plantio de plantas e mata ciliar. Limpeza dos arredores do arroio. Desenho no muro da escola.
Projeto de Revitalização aos arredores do arroio dentro da escola, com o plantio de mudas de rosas para o embelezamento do bairro.
Semana Interamericana da Água os alunos da COMVIDA apresentaram aos alunos de sétimo ao nono ano o projeto da Mini-cisterna, para irrigar a horta da escola com a água da chuva, além de conscientizar-los da importância de economizar água tanto na escola quanto nas suas casas, para isso fizeram debates e deram exemplos usando uma garrafa pet para medidas de consumo.

ESCOLAS RUDI LINDENMEYER E TOMÉ DE SOUZA

Diante de tantas mudanças ocorridas no cenário mundial tantas preocupações, temos uma que se agrava a cada dia, a falta de um recurso tão precioso, NOSSA ÁGUA.
Estamos em um processo de “RECUPERAÇÃO” dos nossos recursos naturais, que estão sofrendo com as ações do Homem.
A escola vem como o vínculo para agregar novos olhares, para uma conscientização e busca constante de mobilizações pela sustentabilidade.
Melhorar a qualidade de vida, é a nossa principal meta, por isso fortalecemos em nossas escolas as COM-VIDAS que com suas ações e a Agenda 21, buscam um despertar para um futuro de qualidade.
Fizemos uma caminhada ecológica, do caminho do lixo até o riacho, sendo como nosso objetivo observarmos a quantidade de lixo que há na rua e até mesmo dentro do riacho. Lá, tivemos o privilégio de encontrarmos com uma senhora que mora ao lado do riacho, e ela então relata que os moradores jogam muito lixo na rua e até mesmo no riacho. A moradora conta que, por causa da atitude errada de algumas pessoas, a enxurrada da rua mudou o curso devido aos lixos que foram jogados. Ela comentou também, que a enxurrada atravessou o seu terreno em direção ao riacho, causando assim um deslizamento de terra, derrubando também o seu muro.
A partir de todas as observações e explicações, as crianças tiveram um espaço para citar algumas soluções, como por exemplo: lixeiras maiores das que ali encontraram e não jogar lixo no chão ou no riacho, mas sim, nas lixeiras.
A professora com a turma, questionou quem seriam os responsáveis por essas situações, além, é claro, daqueles que jogaram lixo naquele local. Os alunos do segundo ano, escreveram cartinhas, e os do primeiro ano, desenharam, ambos sobre o que viram na caminhada ecológica, tudo para serem entregues ao secretário do meio ambiente. Eles esperam, que com isso sejam construídas lixeiras maiores, para que suportem uma maior quantidade de lixo e não sejam jogados no chão ou no riacho.

ESCOLA RUDI LINDENMEYER

Nossa Agenda 21, ainda está em andamento, já conseguimos fazer algumas ações, mas a grande maioria está prevista para setembro e outubro.
A visita no Quilombo e no nosso arroio foi parte integrante de conscientização para os alunos, os trabalhos da COM-VIDA são realizados com todo o grupo escolar, pois a escola é pequena e o tema abrange a todos assim alcançando um número maior de famílias conscientes. Plantamos sementes acreditamos que maior o envolvimento, maior será o resultado alcançado.

CONCLUSÃO

Morin (2003, 2004) afirma que, para prepararmo-nos para o enfrentamento da crise em que a sociedade atual está inserida e das futuras gerações, é necessário mudarmos nossa forma de ver o mundo e partirmos para uma compreensão da complexidade da realidade. Segundo o autor, nossa civilização e, por conseguinte, nosso ensino privilegiam a separação dos conteúdos em detrimento da ligação, e a análise em detrimento da síntese desune os objetos entre si. Com o isolamento dos objetos de seu contexto natural e do conjunto do qual faz parte, é uma necessidade cognitiva inserir um conhecimento particular em seu contexto e situá-lo em seu conjunto, o que é imperativo na educação.
A contextualização desenvolve um pensamento que situa todo acontecimento, informação ou conhecimento em relação de inseparabilidade com seu meio ambiente – social, cultural, econômico, político e natural – e incita a perceber como esse o modifica ou o explica de outra maneira, tornando-se um pensamento complexo nesse contexto o aluno fica comprometido com o meio que vive.
Sendo assim, passa a ser primordial entender a complexidade da relação homem-natureza na realidade local. Essa compreensão na escola, por meio da formação de professores e dos alunos, é que poderá fazer a diferença na formação de indivíduos críticos, participativos, prontos a enfrentar os problemas ambientais e uma possível crise dos recursos naturais disponíveis, dentre eles a água.
As propostas desenvolvidas alcançaram seu objetivo, pois os participantes mudaram de atitudes e passaram o conhecimento adquirido para os outros colegas e a comunidade inserida nesse contexto. A economia de água assim como a utilização da água da chuva para limpeza ou regar as plantas, somaram atitudes positivas em suas casas que passaram a reutilizar e evitar o desperdiço.
O interesse e os questionamentos e torno da temática somaram com a experiência e a vivencia adquirindo conhecimento, pois dos puderam ver os efeitos do homem sobre a natureza. A Água como tema no contexto educacional é abordada a parir de diversas perspectivas. Diante das discussões em relação à crise socioambiental atual, acreditamos que a educação para a água deva ser realizada de forma contextualizada e em diferentes etapas da aprendizagem e diferentes idades para maior absorção da temática. Enfatizando atitudes corretas para um futuro com água potável.
A educação ambiental, em específico, ao educar para a cidadania, pode construir a possibilidade da ação política, no sentido de contribuir para formar uma coletividade que é responsável pelo mundo que habita.

BIBLIOGRAFIA

PIRES, Célia Carolino; CURI, Edda; PIETROPAOLO, Ruy. Educação matemática-6ª série. São Paulo: Atual, 2002. p.237.

AB’SABER, A. N. (Org.) Conceituando educação ambiental. Rio de Janeiro: CNPq;
Museu de Astronomia e Ciências Afins, 1991.

CARVA LHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo:Cortez, 2004.

COMPIANI, M. Geologia/Geociências no Ensino Fundamental e a Formação de Professores.Revista do Instituto de Geologia USP. Public. Espec., São Paulo, v.3, p.13-30.2005.

In: PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA A. U. (Org.) Geografia em perspectiva.3.ed. São Paulo: Contexto, 2006.

COMPIANI, M.; CARNEIRO, C. R. Os papéis didáticos das excursões geológicas.
Enseñanza de las Ciencias de La Tierra, v.1.2, p.90-8, 1993.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina Eleonora F.da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. 8.ed. São Paulo:Cortez; Brasília: Unesco. 2003. p.118.

PONTUSCHKA, N. N. et al. Para ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez,
2007. (Coleção Docência em Formação. Série Ensino Fundamental).

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